ARGENTINA: PRODUTOR SAIU DO LEITE MAIS BARATO A UM DOS MAIS CAROS EM UM ANO

21/03/2025
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Fonte: MilkPoint

Data da publicação: 21/03/2025

 

 

 

Existe alguma atividade que tenha aumentado seus ganhos em 40% em dólares? Foi exatamente o que aconteceu com o setor leiteiro argentino.

 

No início do ano passado, o preço pago aos produtores estava dentro da média histórica de 30 centavos de dólar por litro. Naquele momento, segundo uma comparação do OCLA (Observatório da Cadeia Láctea), depois da grande desvalorização cambial promovida por Milei no início de sua gestão, a Argentina produzia o leite mais barato do mundo.

 

No Uruguai, o preço era 0,36 dólares por litro, no Chile 0,45, no Brasil 0,43, na União Europeia 0,50, nos Estados Unidos 0,49, na China 0,51, e na Nova Zelândia, considerada referência na pecuária leiteira, o valor também era de 0,36 dólares.

 

Um ano depois, o cenário mudou drasticamente. O valor do leite em dólares na Argentina aumentou 40%, chegando a quase 43 centavos de dólar por litro em janeiro. Assim, os produtores argentinos passaram do inferno ao paraíso, pois agora recebem mais em dólares do que seus colegas no Uruguai, Brasil, Nova Zelândia e até China. Hoje, os produtores de leite argentinos recebem um dos preços mais altos do planeta.

 

Os dados de fevereiro mostram uma situação ainda mais favorável: com base nos preços médios pagos aos produtores registrados no SIGLEA, o valor do leite em dólares subiu para 0,429 dólares por litro. Esse número resulta da conversão do preço médio em pesos (447,42 pesos por litro em fevereiro) pelo câmbio oficial do Banco Nación. Em moeda local, a alta anual do leite supera 80%.

 

Muitos produtores estão comemorando: raramente na Argentina o preço do leite pago ao produtor ultrapassou 40 centavos de dólar, e agora eles acreditam que este patamar será difícil de reverter.

 

Fatores estruturais que explicam essa alta e os riscos para o futuro

 

Algumas condições estruturais ajudaram a provocar esse cenário e indicam que ele pode não durar muito. Um fator determinante foi a escassez de leite ao longo de 2024, resultado da seca de dois anos atrás, que deixou muitos produtores em dificuldades. A baixa oferta elevou os preços tanto em pesos quanto em dólares.

 

Ao longo de quase todo o ano passado, a produção de leite caiu, contribuindo para a alta dos preços. Somente nos últimos três meses, a partir de novembro de 2024, a produção começou a mostrar sinais de recuperação, superando os volumes do mesmo período do ano anterior. Em janeiro de 2025, por exemplo, a oferta de leite dos produtores argentinos foi de 880 milhões de litros, um crescimento de 5,6% em relação a janeiro de 2024.

 

Ainda assim, ao somar os últimos 12 meses, a produção total de leite no país caiu 5%.

 

 

O impacto do câmbio na valorização do leite

 

Outro fator essencial que explica por que os produtores argentinos estão entre os que mais recebem pelo leite no mundo é o atraso cambial.

 

Se o preço do leite em pesos cresceu 82% entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025, mas em dólares subiu apenas 40%, fica evidente que a paridade cambial não evoluiu no mesmo ritmo. Essa discrepância distorce todo o cenário. O atraso cambial (ou seja, a valorização do peso em relação ao dólar) cria a ilusão de que o leite está caro em dólares. Esse fenômeno ocorre em diversos setores da economia.

 

Por enquanto, os produtores estão aproveitando o momento, pois um maior rendimento em dólares aumentou significativamente o poder de compra em relação aos principais insumos, como grãos e pastagens para alimentar o gado leiteiro.

 

Além disso, com a valorização do leite, a participação do produtor no preço final dos laticínios aumentou consideravelmente. Segundo o OCLA, “a participação do produtor no total do sistema foi de 34,6% em janeiro de 2025.” No mesmo período de 2024, esse percentual era 32,4%, o que representa uma melhoria de 2,2 pontos percentuais.

 

A grande questão agora é se esse cenário será sustentável a longo prazo ou se a valorização da moeda argentina e o aumento da produção trarão novos desafios ao setor leiteiro nos próximos meses.

 

 

As informações são do Bichos de Campo, traduzidos e adaptadas pela equipe MilkPoint.

 

 

 

 

Fonte: MilkPoint

Data da publicação: 21/03/2025

Pesquisa na internet: https://www.milkpoint.com.br/noticias-e-mercado/giro-noticias/produtor-argentino-passou-de-receber-o-leite-mais-barato-do-mundo-para-um-dos-mais-caros-238257/ 

 

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