AMÉRICA DO SUL ESTÁ PRONTA PARA O CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE LEITE EM 2020
Fonte: MilkPoint
Data da publicação:11/03/2020
As primeiras impressões são de que a produção começou 2020 com uma nota positiva. No entanto, riscos também estão presentes, o que poderia desafiar o aumento nos próximos meses.
Um passado desafiador...
Após um forte ano em 2018, a maioria dos países da América do Sul testemunhou queda de volume em 2019.
Os exportadores mais importantes da região, Argentina e Uruguai, viram a produção diminuir em 1,7% e 4,2%, respectivamente. Na costa oeste do continente, a produção do Chile caiu 1,4%, enquanto os volumes da Colômbia caíram 7,2%.
Dados preliminares indicam que a produção de leite no Brasil cresceu 2,2%, embora seja importante considerar que a produção de 2018 foi artificialmente deprimida pela greve dos caminhoneiros, que impediu a retirada do leite por dez dias em maio e junho.
A maioria dos declínios do ano passado está sendo atribuída a um clima inconsistente, com situações de muita ou pouca chuva, o que impediu o desenvolvimento de pastagens de boa qualidade em muitas das principais regiões com laticínios do continente.
Segundo a Associação Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), o fenômeno El Niño começou nos primeiros dois terços do ano, avançando para a neutralidade nos meses finais de 2019. No final do ano, o tempo seco havia se tornado uma preocupação na maior parte do continente.
... e um futuro promissor
Até agora, no início de 2020, as coisas parecem ter começado melhor. A produção de leite de janeiro na Argentina registrou um impressionante aumento de 5,5% ano a ano, enquanto no Uruguai os volumes aumentaram cerca de 2,0% durante o mês, segundo informantes. Embora os dados oficiais ainda não estejam disponíveis, esperam-se resultados igualmente positivos de outros players regionais.
A umidade melhorada nas primeiras semanas do ano impulsionou essas expansões de volume. No entanto, olhando para o futuro, os problemas climáticos continuam sendo preocupantes. Faz semanas que a maioria das áreas de produção de leite da América do Sul recebeu uma boa chuva e a qualidade da forragem está sofrendo como resultado. Será fundamental que as áreas produtores de leite do continente obtenham alguma precipitação nas próximas semanas, se a tendência de aumentar a produção de leite continuar.
As margens dos produtores mostraram-se razoavelmente bem nas últimas semanas, embora os preços do leite estejam teimosamente entre US$ 0,30 a US$ 0,35 por litro. Os custos operacionais e, principalmente, os preços dos alimentos para animais permaneceram modestos, apoiando a lucratividade dos agricultores.
No entanto, os estoques de grãos cada vez menores antes da colheita de grãos na América do Sul estão começando a exercer pressão crescente sobre os preços dos concentrados. Será fundamental que a rentabilidade do produtor seja mantida pelo menos nos níveis atuais para que ocorra maior produção de leite.
Demanda em risco
No lado da demanda da equação, a América do Sul e, principalmente, o maior consumidor de laticínios do continente, o Brasil, esperam melhorar o desempenho econômico em 2020. O aumento da atividade econômica deve incentivar a confiança do consumidor e, por sua vez, a compra de laticínios. No entanto, o surto de COVID-19 está expondo a fragilidade dessas expectativas de consumo.
Embora a chegada do vírus à América do Sul tenha sido mais lenta do que em outras partes do mundo, existem preocupações significativas sobre a capacidade da região de restringir a propagação do vírus.
Além disso, como principal fornecedor de commodities para o resto do mundo, a América do Sul certamente sentirá as reverberações de uma desaceleração econômica global devido à epidemia.
Otimismo predominante
Apesar dos inúmeros riscos, no momento parece que 2020 será um ano positivo para o crescimento da produção de leite na América do Sul.
Embora seja necessário que surjam condições climáticas e de rentabilidade adequadas para que isso se torne realidade, há muitas razões para estar otimista sobre o papel da América do Sul no ambiente global de laticínios neste ano.
Artigo de Monica Ganley, diretora da Quarterra, traduzido pela Equipe MilkPoint.
Fonte: MilkPoint
Data da publicação: 12/03/2020
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